quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DENUNCIA SIONISMO /TRAGÉDIA CRISTÃ

SITE DA HISTÓRIA ISLÂMICA


ATUALIDADES
A TRAGÉDIA ATUAL DO CRISTIANISMO NA TERRA SANTA
Por Alex Akcelrud
IGREJAS DESTRUÍDAS, FIÉIS ASSASSINADOS, COMUNIDADES BANIDAS DA TERRA E AGRESSÃO A LIBERDADE DE CULTO
Pela primeira vez no Brasil, a questão palestina foi tema de Simpósio Internacional: "Os Direitos Humanos do Povo Palestino na Conjuntura Atual". Realizado pela UNICAMP e a Prefeitura de Campinas, de 28 a 30/11, com a presença da vários especialistas, autoridades civis e eclesiásticas da Terra Santa, o Simpósio teve seu ponto alto na denúncia das chacinas, atentados à liberdade de culto e sabotagem à organização comunitária dos cristãos palestinos (ortodoxos, evangélicos e católicos) pelo exército israelense de ocupação.
Foi dado a conhecer, com precisão documental inédita no Brasil, o conjunto de fatores da tragédia palestina. Economicamente, a vida se faz miséria, porque as tropas de ocupação obrigam ao desemprego e impedem o fluxo de água, pessoas e mercadorias entre os pequenos bantustões palestinos, que o exército invasor separa uns dos outros à ponta de baionetas. Tem sido assim há longos anos.
Fontes de água são usurpadas pelo exército invasor, e a mesma água é vendida ao povo que lá morava por um preço mais de 4 vezes superior ao cobrado aos israelenses. Famílias, cujos membros vivem a 10 minutos uns dos outros, não se encontram há vários anos por viverem em bantustões separados, e não há como criar escolas ou atividade econômica suficiente para os estudantes, trabalhadores, produtores e mercadores de cada bantustão isolado.
Escorraçadas de onde viviam há séculos, por força militar, as comunidades se amontoam em espaços cada vez menores. E os problemas de saúde se acumulam com doenças provocadas por superlotação e falta de ventilação. Mas os que adoecem ou são baleados morrem freqüentemente. O exército bloqueia sua chegada aos hospitais.
As famílias palestinas se confundem com a própria história da terra. Há séculos vemos entre elas as dos guardiões do Santo Sepulcro, da tumba de Davi e tantos outros lugares históricos. Mas no século 20 foram impedidas de andar na própria terra, pela primeira vez em mais de mil anos. Quem for à Igreja do Santo Sepulcro verá cristãos de todas as vertentes e todas as partes, menos da Palestina. Há muitos anos há tanques, jipes armados e baionetas entre Jerusalém e os que moram a poucos kms. de lá. A reunião de populares nos templos assusta, pois a coesão e o sentido de unidade e força coletiva que emana daí ameaça mais os tronos do poder do que qualquer terrorista. Mas cuidado, falar disso é perigoso: a tortura em Israel é legalizada. É permitido prender e torturar sem provas de crime nem ordem judicial, e se acumulam os casos dos que morreram nos cárceres e câmaras de tortura, sem qualquer acusação formal prévia.
O representante do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, Theodosios Hanna, denunciou o lobby sionista internacional sobre a mídia para impedir que o mundo saiba das atrocidades. Afirmou serem as igrejas cristãs uma peça fundamental da resistência palestina frente ao projeto sionista de limpeza étnica e religiosa da Terra Santa, pedindo que os cristãos brasileiros rompam o bloqueio de mídia, enfrentem as pressões e divulguem isto que você lê abaixo, inédito na imprensa brasileira:
"Como líder espiritual da igreja cristã de Jerusalém, sendo a igreja do Santo Sepulcro a primeira igreja do mundo, quero agradecer a Campinas pelo carinho com que trata a causa palestina.
A igreja ortodoxa de Jerusalém nunca foi fechada e se orgulha de seu funcionamento ininterrupto há 2000 anos. Nosso país tem Jerusalém como coração, mas a Palestina de um modo geral é o país que une e representa a berço das três religiões monoteístas. Para nós, é esta união que faz da Palestina a Terra Santa.
As três religiões têm muito em comum, principalmente quanto à justiça e direitos humanos. Qualquer violação destes para nossas religiões é uma desobediência ao Criador, uma agressão à ordem divina.
Jerusalém, cidade milenar na qual nasceram e se espraiaram as três religiões monoteístas trabalhando pela paz e pelos direitos humanos, esta mesma cidade precisa do apoio de todos, porque ela está muito longe desses princípios das três religiões. Nela, hoje, não há mais respeito aos direitos humanos. Conhecida como a cidade da paz, está longe da paz pois as forças de ocupação estão arrasando com qualquer paz.
Os palestinos, muçulmanos e cristãos, representam um povo único, com a mesma história, mesma tradição, mesma língua e mesma terra. Ambos sofremos as atrocidades e injustiças perpetradas pelas forças de ocupação.
O cristianismo existe na Palestina há 2000 anos. O Islam lá chegou no século sete, a partir do segundo califa, Omar. Até hoje, a partir do compromisso deste segundo califa há respeito aos povos e liberdade religiosa, e nossas igrejas vivem em total harmonia com a religião islâmica. Nossas comunidades contaram com toda sua liberdade desde então até o século passado, quando começaram as agressões e, a partir de 1948, com a ocupação, tanto cristãos como muçulmanos têm perdido seus direitos.
Não admitimos que o conflito seja tratado como entre três componentes. O conflito é israelense-palestino. A comunidade cristã é inseparável da muçulmana, sofremos as mesmas agressões. E não há conflito entre as três religiões. O judaísmo não tem nada a ver com isso. È a religião judaica que sustenta e constrói a base do Islam e do cristianismo. É o sionismo que nos agride. Assim vemos o caso do rabino, o máximo líder espiritual judaico em Israel, que diz que os palestinos devem ser jogados no mar, porque são um grupo de cobras, baratas, insetos e criaturas inferiores.
Temos uma invasão permanente, com vários milhares de palestinos assassinados (cristãos e muçulmanos) ao longo de tantos anos, sem que houvesse qualquer manifestação de um líder espiritual judeu em Israel para denunciar ou exigir justiça. Lá a sinagoga é cúmplice do Estado, e há ainda grupos extremistas judeus em campanha pela destruição de todas as estruturas em instituições cristãs e muçulmanas do país.
De 1948 até hoje, jamais houve propriamente qualquer massacre ou chacina sofrido pela comunidade judaica em nosso país. Mas há várias dezenas de massacres sobre cristãos e muçulmanos.
A discriminação sobre cristãos muçulmanos e palestinos é igual e bem visível na região, dado o ódio com que as comunidades judaicas ocupantes nos tratam.
Peço aos brasileiros que, visitando Jerusalém, estendam a visita até as aldeias e pequenas cidades palestinas, para que sejam testemunhas oculares da destruição de igrejas e mesquitas, de casas de famílias cristãs e muçulmanas.
As mesmas proibições e bloqueios que os muçulmanos sofrem para entrar em Jerusalém e orar, também são impostas a nós, cristãos palestinos. É uma situação ininterrupta em 53 anos de invasão. É muito mais fácil para os senhores, como turistas brasileiros, entrar em Jerusalém, do que para os palestinos, cristãos e muçulmanos (que vivem a 8, 10 ou 15 kms. da cidade). Estamos irmanados aos muçulmanos na luta pela libertação de Jerusalém, Cidade Aberta.
Desde 1967 há um projeto de Jerusalém pura (só judaica) para nos apagar da história da cidade. Nós jamais negaríamos a importância de Jerusalém para o povo judeu, mas querem passar por cima da origem histórica do cristianismo em Jerusalém.
Jesus Cristo, na terra, é palestino de origem e nacionalidade.
Não haverá restabelecimento da harmonia entre as três comunidades religiosas enquanto a ocupação durar. Trabalhamos pela paz. Mas paz sem justiça não existe. O diálogo entre as três religiões é impossível na Palestina de hoje, porque um dos componentes tem um plano de extermínio dos outros.
Seguindo a orientação de Jesus Cristo apelamos às igrejas cristãs do mundo para que sigam o exemplo de Jesus na defesa dos oprimidos, daqueles que sofrem e perderam seus direitos, para que, a partir deste ensinamento cristão, o povo palestino possa então contar com toda a comunidade cristã do mundo. A omissão das igrejas cristãs aqui seria uma traição à essência do cristianismo.
É dever de todas as igrejas no mundo inteiro, defender o povo palestino aonde o sionismo internacional tenta mostrá-lo com a imagem de terrorista e violento.
O sionismo internacional, para atingir seu objetivo imperialista, chegou até a criar igrejas híbridas no ocidente (judaico-cristãs). Há até a Igreja Cristã Sionista formada nos EUA, com representação em Israel. As igrejas cristãs palestinas denunciaram este plano maquiavélico que atenta contra a própria religião cristã.
É importante que haja esse contato entre as igrejas na Palestina (ortodoxa, católica e evangélica) e as ocidentais. Entretanto, a mídia e o sionismo internacional jogam pesado para que isto não seja divulgado no mundo ocidental. As pressões de Israel e dos EUA sobre as igrejas ocidentais é muito forte, o que pode explicar as omissões destas igrejas. Há pressões sobre líderes cristãos e muçulmanos para que não falem da questão palestina. 60% dos sheikhs muçulmanos que estavam no Brasil até 1991 foram tirados do país, por terem a coragem de falar da questão palestina. Saíram (nunca foram substituídos) por pressão dos EUA.
Nossa igreja na Palestina é ameaçada pelas forças de ocupação israelenses. Nunca vão colocar medo em nosso coração ou nos desviar. Não calarão nossa boca. Continuaremos a lutar para que o mundo inteiro ouça a fala e a verdade do povo cristão e do povo muçulmano da Palestina.
Houve pressões sobre o patriarca ortodoxo de Jerusalém. Israel chegou a pressionar inclusive pela deposição do patriarca e a eleição de outro. Não conseguindo a deposição, pressionaram para que a igreja não se pronunciasse sobre a questão palestina. Quanto mais aumenta a pressão, mais aumenta a nossa resistência. È esta resistência frente às ameaças e agressões de Israel e seu exército, que clama pela mobilização e solidariedade dos cristãos brasileiros".

Alex Akcelrud é um historiador brasileiro e escreve para diversas publicações no Brasil sobre a questão da Palestina.


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